segunda-feira, 5 de março de 2007

Lares adotivos

Incrível.
No Globo Repórter de 02/03 teve a matéria sobre os casos de crianças que são entregues à lares de adoção e que hoje existe mais de 80 mil crianças sem lares e familiares.
Algumas das crianças abandonadas tem horas ou dias de vida, para elas existem apenas dois caminhos: os de saúde perfeita, a adoção; os que têm Síndrome de Down ou outras lesões cerebrais podem ser rejeitados mais uma vez. Raramente são adotados. O tempo vai passando, eles vão crescendo. E o que será de vidas tão indefesas?
E conforme a idade vai avançando fica cada vez mais difícil destas crianças serem adotadas.
São Paulo é o espelho do que acontece em cada abrigo, em cada Vara da Infância e da Juventude do país: de um lado, um número enorme de crianças esperando para serem adotadas; de outro, um número enorme de pessoas inscritas à espera de um filho adotivo. Por que será que o encontro dessas duas filas é tão difícil?
A resposta sempre aparece rápido. Diretores de abrigos, assistentes sociais, promotores e juízes têm sempre o mesmo argumento: as escolhas dos futuros pais não coincidem com as características das crianças que esperam pela adoção. Pois geralmente os pais adotivos têm como pré-requisito crianças pequenas, brancas, saudáveis, perfeitas e bonitas.
E os números confirmam: uma pesquisa feita pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional de São Paulo mostra preferências que espantam os especialistas. Confira o perfil das crianças pretendidas pelos candidatos a pais:
- 99,32% só querem uma criança;
- 82,68% procuram crianças com, no máximo, 3 anos;
- 49,39% só aceitam se for branca;
- 43,29% não aceitam irmãos.
Sendo que 83,32% dos candidatos são casais e 41,41% têm curso superior completo.
Imagine-se na vida destas crianças e jovens, a cada dia dentro do abrigo é um dia longe da família – seja biológica ou adotiva. E é nessa idade que a presença dos pais é mais importante. As crianças que vivem em abrigos, às vezes, nem se lembram mais do que é um beijo, um abraço, um carinho de mãe.
Hoje existem tantas pessoas que poderiam ajudar estas crianças, dar seu carinho, sua atenção, seu amor, pois é só isso o que eles querem, em quase 100% dos casos as crianças querem apenas uma família, não almejam serem ricos, famosos e bem sucedidos. Somente serem felizes. Por que privarmos isso deles uma vez que os pais biológicos já o fizeram.
Não podemos nos fazer de cegos, surdos e mudos por tanto tempo.